15/11/2004

Eu também sou deste tempo!

Olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos. Até há bem pouco tempo atrás, nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou airbag. Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete, sem contar que pedíamos boleia. Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa. Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer rua abaixo e só depois é que descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões. Depois de bater em algumas árvores ou num muro, aprendemos a resolver o problema. Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua. Ninguém nos podia localizar. Não havia telemóveis. Nós partimos ossos e dentes, e não havia nenhuma lei para punir os culpados. Eram acidentes. Ninguém para culpar, só a nós próprios. Tivemos brigas e esmurramos uns aos outros e aprendemos a superar isto. Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos. Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar. Compartilhamos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso. Não tivemos Playstation, X-Box, Game Boy, televisão por cabo, filmes de vídeo e DVD, Surround, telemóveis, computadores ou Internet. Nós tivemos amigos. Nós saíamos e íamos ter com eles. Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta. Imaginem tal coisa! Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos! Lá fora, no mundo cruel! Sem nenhum responsável! Como conseguimos fazer isto? Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis e comemos minhocas e, embora nos tenham dito que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre. Nos jogos da escola, em toda a gente fazia parte da equipa. Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção... Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros e, por vezes, tinham de repetir o ano! Não inventavam desculpas nem testes extras. Éramos responsáveis pelas nossas acções e arcávamos com as consequências. Não havia ninguém que pudesse resolver isso. A ideia de um pai para nos proteger, se desrespeitássemos alguma lei, era inadmissível! Eles protegiam as leis! Imaginem! A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores. Os últimos 50 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias. Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso. Que anos fantásticos...

Este texto não é da minha autoria, mas não queria deixar de o publicar. Recebi-o por e-mail há uns dias atrás e em vez de o deitar fora por ser grande, decidi lê-lo até ao fim. Que tempo bem empregue. Há muitas pessoas que o deveriam ler e outras que vão certamente relembrar algumas situações já passadas.

1 comentário:

Anónimo disse...

É exactamente isto que eu penso... Não tivemos tanta protecção como têm os miúdos de hoje e crescemos sem termos de inventar desculpas para os nossos erros... Aprendemos a ter responsabilidades e limites sem termos de experimentar o contrário. Agora tudo funciona por automatismos e por castigos, as crianças já nem sequer sabem ir e vir da escola para casa sozinhas porque os pais com medo do que possa acontecer levam-os para todo o lado de carro. Não sei se é melhor ou se é pior, mas que esta a esta geração falta muita coisa, falta. Não experenciam coisas diferentes, nem têm vontade para isso. Tudo é uma seca, enfim,esperemos pelo futuro

MJJ