17/02/2005

Um dia de exames...

Quando temos de fazer alguns exames para descobrir o nosso estado de saúde, somos confrontados com um número incrível de situações que nos dão a conhecer mais um pouco do país em que vivemos. Nas clínicas de análises, a correria matinal é imensa e todos os "utentes" têm a sensação de que vão para a forca. No entanto, um dia de exames começa bem cedo, mais propriamente desde os minutos seguintes à saída da cama. As amostras de urina são a primeira coisa em que é preciso pensar, mesmo quando ainda estamos cheios de sono e não conseguimos pensar correctamente em tudo o que estamos a fazer. Beber um café está fora de questão, uma vez que o jejum se mantem até tirarmos sangue. Chegados à clínica, o primeiro passo é conseguir a fantástica senha que nos dará lugar no atendimento, ainda que seja rara a pessoa que o faz e espera a sua vez. Para muitos, a questão das senhas é pura e simplesmente ignorada e a desculpa mais utilizada para contrariar este ponto é o argumento do "é só para perguntar uma coisa", argumento esse que poderá mesmo para passar à frente das outras pessoas e deixar os outros "parvos" para trás. No balcão do atendimento, não há ninguém que não seja empurrado, mas em vez do habitual grito de dor, perante um pequeno toque no ombro, surge agora uma reacção de total indiferença, uma vez que a missão mais importante é agora chegar ao balcão e ser atendido. Com ou sem senha!
Depois de todo este processo, a espera nas mais variadas salas está mais que garantida e o tempo é suficiente para que todo este post seja descarregado do cérebro para o telemóvel. De seguida, é altura de entrar numa sala que está cerca de trinta graus mais quente do que a sala de espera e começar a sessão de strip, para que depois me possam ligar a diversos ferros e ventosas, com uma quantidade avantajada de gel para acompanhar. Inspire, expire, respire fundo, não respire, etc... Enquanto estou a fazer o exame, surje uma voz no corredor que me chama para o exame seguinte, precisamente na altura em que acaba o rolo da máquina e tenho de ficar à espera da sua substituição, ligado aos tais ferros, ventosas e o gel, claro!... Acabado o exame, visto a t-shirt, e corro para a outra sala, passando pela de espera, que está (relembro) cerca de trinta graus mais fria que as outras duas. Nova sala, novo exame, nova dose exagerada de gel e estou pronto para o último exame do dia (em princípio). Para começar, o médico que me vai fazer este exame já está de casaco vestido para se ir embora e ainda está chateado com o facto de ter ficado à espera pela demora no outro exame. O ecocardiograma é feito ao cronómetro e quando dou por mim já estou com uma nódoa negra na zona onde foi feito o exame, da qual só me apercebo quando me "atiram" papel absorvente para fazer desaparecer parte dos litros de gel.
Os resultados, pode vir buscar de amanhã a oito dias, é a última coisa que oiço antes de abandonar a cliníca. Bem, pelo menos não fui trabalhar, ainda que me tenho "cobrado" um dia de férias, por ter de andar a fazer exames. Ahhh, a satisfação...

1 comentário:

Anónimo disse...

E ai está um bom retrato de como funciona o nosso sistema de saúde... podia ficar aqui um dia inteiro a apontar coisas erradas com centros de saúde, hospitais, funcionários, enfermeiras e médico. É um circo! E os palhaços somos nós!

Marisa