13/05/2005

Semi-doutores

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Bem a propósito das “loucuras” que se fazem na cidade de Coimbra, na altura em que decorre mais uma queima das fitas, a coluna de opinião de Miguel Góis no Jornal Metro de hoje está simplesmente fantástica. Tal como acontece com a série do Gato Fedorento, da qual é um dos autores, Miguel Góis retrata aqui alguns dos episódios com que muitos de nós convivemos diariamente e a que não ligamos nenhuma por serem tão “comuns”.

Jorge Sampaio perguntou, esta semana, o que andam a fazer as universidades para que metade dos seus alunos não consigam concluir os seus cursos. Eu prefiro colocar outra questão: o que andam a fazer as associações de estudantes para que metade dos alunos não frequentem as festas universitárias e fiquem em casa a estudar? A resposta é simples, sinceramente, há muito tempo que estou convencido de que o estudo anda a prejudicar a diversão dos alunos do ensino superior. E depois admiram-se de haver, em Portugal, milhares de licenciados que não aguentam a bebida. Ser um licenciado desempregado deve ser muito complicado. Mas não se deve comparar com a tragédia de um licenciado que, numa segunda-feira, tem de enfrentar os seus colegas de trabalho, depois de ter feito figuras tristes na festa de Natal da empresa só porque bebeu dois golos de Bailey’s. Digam o que disserem, não é nada fácil recolher as fotocópias do nosso próprio traseiro, à luz do dia, e com o patrão a assistir.

Conheço alguns indivíduos que não concluíram o ensino superior e não considero que esse fenómeno constitua uma tragédia assim tão grande. Se é certo que não terminaram o curso, isso não significa que não tenham algumas regalias. Por exemplo, ao nível do trato social. - Boa tarde, sr. António. - Senhor? Semi-doutor António, se faz favor! Fique sabendo que eu cheguei a completar algumas cadeiras do terceiro ano de Gestão!

Aqui há uns meses, o reitor da Universidade Católica propôs que os bares e as discotecas fechassem mais cedo, já que considerava a industria de diversão uma das principais causas do insucesso escolar. Para mim, isto faz algum sentido. Imaginem que vocês são estudantes universitários e chegam, às duas e meia da manhã, ao Kremlin. Batem à porta e aparece um segurança que diz: “Estamos fechados.” O que é que vocês fazem? Como é óbvio, dizem: “Ai é? Então, vou para casa rever a matéria de Geografia para o teste de amanhã.” Como é óbvio.

Não tenho estatísticas para corroborar a minha teoria, mas aposto em como o insucesso escolar entre as mulheres é bem menor do que nos homens. E isso não é por acaso. Elas têm uma enorme vantagem logística do seu lado: os marcadores. Cor-de-rosa, verde, amarelo fluorescente: cada cor desempenha a sua função específica. Por vezes, a rapidez e o à-vontade com que se decidem por uma cor dá a sensação de que o seu uso é algo arbitrário, mas não. Está tudo previsto. E quando há erro humano, elas possuem – logo ali – a solução para o drama: o corrector. Pois é, assim também eu tiro cursos superiores.

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